Movimento gay se reúne com vereador

18/09/2014 09h53 - Atualizado em 18/09/2014 09h53

ESCLARECIMENTOS - Sergio Nogueira justificou viés de discurso "polêmico" sobre cartilha anti-homofobia

Por: Thalyta Andrade - Diário MS/Dourados

Reunião realizada ontem entre o vereador Sergio Nogueira (PSB) e a presidente da AGLTD (Associação de Gays Lésbicas e Transgêneros de Dourados), Cláudia Assunção, terminou em consenso entre as duas partes sobre o viés preconceituoso ou não do discurso feito pelo parlamentar em Sessão Ordinária realizada na Câmara Municipal na segunda-feira, dia 15, sobre uma cartilha anti-homofobia utilizada pela Secretaria Municipal de Assistência Social.

Conforme a presidente da AGLTD, tudo ficou “esclarecido” como um mal entendido na interpretação das palavras do vereador. “Acredito que ele foi mal interpretado, e não vemos a situação como um preconceito constatado. Ele nos explicou a circunstância do comentário que fez sobre essa cartilha, e compreendemos sua real intenção sem caracterizar a situação como homofobia”.

Cláudia ainda fez críticas à cartilha, alegando que o material trata os homossexuais como “doentes”, e que não poderia ser distribuída, por exemplo, como conscientização contra a homofobia para crianças. A presidente da associação disse ainda que uma denúncia foi protocolada junto ao MPE (Ministério Público Estadual) para que seja apurado o teor do material e sua legalidade.

No entanto, conforme esclarecido pelo Diário MS junto à secretária municipal de Assistência Social, Ledi Ferla, o intuito do material instrutivo nunca foi de que ele fosse usado em escolas, e sim para capacitar profissionais de saúde, educação, segurança pública, e da própria assistência social na lida com o público homossexual como forma de garantia dos Direitos Humanos.

“Soube dessa polêmica pela imprensa e fiquei surpreendida. Essa cartilha segue recomendações nacionais da Secretaria Nacional de Justiça e Direitos Humanos, não é nada que foi elaborado como uma iniciativa do município exclusivamente. E nunca foi a intenção leva-la às escolas, e sim somente utilizá-las na capacitação de profissionais. Tudo segue critérios nacionais na recomendação da preservação dos Direitos desse grupo social”, esclareceu a secretária, que disse ainda que as oficinas de capacitação com o uso do material já acontecem desde segunda-feira.

Assim como defendeu um problema de má interpretação do seu discurso sobre a homofobia (pessoas ou grupos que nutrem preconceito contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais), o vereador Sergio Nogueira admitiu que possa ter havido por ele um equívoco também na interpretação da cartilha que embasou suas palavras. “A cartilha que chegou às minhas mãos não tem como ser passada a crianças, e foi com base no tipo de constrangimento que isso poderia criar que eu fiz meu discurso, que foi compreendido pela Cláudia, e pela associação. Agora, se a secretária disse que é um material para exclusiva capacitação de profissionais, aí acredito que os termos usados estão adequados”.

Por fim, o parlamentar ressaltou ter ficado satisfeito com a compreensão da associação às suas palavras, e de que nelas não havia nenhuma pregação à homofobia. “Na verdade temos que entender que não é tarefa do Estado trazer essa discussão para as crianças, e sim que essa responsabilidade cabe aos pais. O sexo é um tabu em todos os sentidos, desde que as pessoas começaram a falar abertamente sobre isso. Essa não foi a primeira nem será a última polêmica envolvendo sexualidade”, finalizou o vereador.

Em seu discurso na segunda-feira, Nogueira destacou que se preocupava muito com o rumo das palestras realizadas na cidade para grupos distintos e que falar sobre homofobia é algo que todos concordam, e que ele defende, até pelo fato de ser um crime. Em meio a suas palavras, o vereador disse que “[...] respeita quem quiser fazer o que quiser do seu corpo, pode, pode fazer o que quiser, mas não venha me dizer que isso é normal e que a sociedade precisa agir assim. Basta colocar as pessoas que pensam dessa forma numa ilha. Coloca numa ilha. Deixa lá quem quer viver a sua homossexualidade lá numa ilha 50 anos, coloca duas ilhas, duas ilhas, 50 anos. Daqui 50 anos não tem mais ninguém. Por que? Porque a família é constituída de pai mãe, macho fêmea, homem mulher, e daí vêm os filhos”. As afirmações causaram polêmica.


Encontro entre vereador Sérgio Nogueira (PSB) e representantes da AGLTD, terminou em consenso e críticas a cartilha anti homofobia

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